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2022-10-19 09:38:00

As raízes e os frutos amargos do conservadorismo no Brasil

Os teólogos devem ler a Bíblia, mas também os jornais”

Os teólogos devem ler a Bíblia, mas também os jornais”

O Fascismo e o coronelismo sempre andaram de mãos dadas no Brasil. O conservadorismo brasileiro tem suas raizes no colonialismo e deu origem a uma sociedade patriarcal extremamente conservadora, com base na concentração da propriedade da terra, na exploração do trabalho e acúmulo de riquezas, resultantes de uma economia predominantemente primário-exportadora. 

Foi durante a República Velha, que as estruturas políticas brasileiras foram construídas com base nos laços de dependência econômica das massas trabalhadoras no campo.
Vargas, ao chegar ao poder na década de 30, fez do Estado um instrumento de desenvolvimento, mas infelizmente também, um instrumento de controle social.
Ao promover a indústria nacional, e controlar as massas trabalhadoras urbanas, Vargas acabou, de certa forma, contrariando o setor agroexportador.

Diante da constante ameaça deste setor, e de grupos sociais progressistas, em 1937, apoiado pelo exército brasileiro, Vargas dá um golpe de Estado e implanta o Estado Novo, um estado explicitamente fascista, aos moldes do Nazi-Fascismo Europeu da épica, ainda que, ao contrário daqueles, desprezava qualquer partido político.
A partir deste modelo Fascista tupiniquim, ao mesmo tempo que Vargas quer fazer do Estado o gestor da indústria nacional, ele quer controlar as massas trabalhadoras urbanas, e para isso, cria a CLT, uma forma que Vargas encontrou para antecipar e neutralizar a luta Sindical no Brasil.

Lembrem-se que a base do conservadorismo é o controle.
Vargas estava construindo, a sua maneira, nos centros urbanos, as mesmas relações de controle social dos velhos coronéis no campo, nada mudando na velha estrutura de controle social.

O “pai dos pobres” era na verdade “a mãe dos ricos”!

Mas o projeto industrializador Estatista do Estado Varguista sempre sofreu oposição do setor do Agro no Brasil. O setor agroexportador sempre temeu o desenvolvimento de uma indústria nacional forte, pois este desenvolvimento levaria inevitavelmente só surgimento de uma burguesia industrial nacional, pondo fim a hegemonia dos velhos “coronéis”.

Essa forte oposição levaria a tentativa de golpe em 1954, golpe esse neutralizado pelo suicidio de Vargas.

Mas esse golpe, semelhantemente ao golpe que derrubou a monarquia em 1989, já vinha sendo articulado pelos fazendeiros e militares há um bom tempo, o que veio a acontecer em 1964.

Nos 21 anos de Ditadura militar, o Estado brasileiro voltou a priorizar o interesse do setor agroexportador, introduzindo a soja no Brasil em direção do Centro-Oeste, empurrando a pecuária desta região para a Amazônia. 

A Amazônia passava a ser entregue aos interesses do setor agroexportador nacional e a mineração estrangeira.

Paralelamente a isso o mercado industrial brasileiro  passaria a ser reserva de mercado de algumas poucas indústrias estrangeiras.

Com a redemocratização da Nova república o neo liberalismo dos governos Sarney, Collor e FHC, abriram a economia brasileira para o domínio industrial estrangeiro levando gradativamente à desmontagem da indústria nacional.
Esse processo de desindustrialização neo liberal é até certo ponto interrompido no período Lula e Dilma. O modelo industrial nacional desenvolvimentista, claro que com seus vícios de origem, com protecionismos lícitos e ilícitos do Estado, “investindo” em grandes empresas nacionais como a Petrobras e a indústria da construção civil, tornaram essas indústrias gigantes no setor, conquistando inclusive o mercado externo, inclusive o norte americano.
Novamente o setor agroexportador articularia um novo golpe para voltar ao poder e seguir, de um lado na desmontagem da indústria nacional, em outro favorecendo a hegemonia política e econômica do setor agroexportador. 

Neste aspecto a Lava Jato teve importância relevante, derrubando e quase quebrando as grandes indústrias da construção civil e sucateando a Petrobras, com o claro objetivo de privatizá-la ao capital estrangeiro.

Um outro aspecto deste golpe foi a mudança nas políticas de conservação ambiental, especialmente na Amazônia, região de grande interesse de mineradoras e do agronegócio, inclusive estrangeiro, desde os tempos da ditadura militar.
Soma-se a isso às reformas trabalhistas, conduzidas a partir do golpe, reduzindo os direitos dos trabalhadores e fazendo do Brasil um mercado atrativo para transnacionais que sempre lucraram através da exploração dos trabalhadores pobres e sem direitos em todo o mundo.

O golpe dos “coronéis” e a Lava Jato acabaram preparando o caminho para a chegada ao poder de um filhote da Ditadura, que tem desgovernado esse país de modo a atender inteiramente aos interesses desse setor. 
Desvalorização da moeda nacional frente ao dólar, favorecendo o exportador, desmontagem da fiscalização ambiental, favorecendo aos grandes grileiros de terra e madeireiros, política armamentista, favorecendo milícias, cortes de verbas na educação superior, ciência e tecnologia, favorecendo o domínio da tecnologia estrangeira, ataques ao poder judiciário e a constituição, favorecendo aos interesses golpistas e antidemocráticos. Finalmente, o uso do discurso religioso, que seduziu e aparelhou as igrejas evangélicas, utilizando a alienação e obediência servil dos “crentes” em relação a seus líderes, os “coronéis” da fé.

O que está em jogo no Brasil não é o Bolsonaro ou o Lula. O que está em jogo hoje é o histórico embate que coloca, de um lado as forças reacionárias, defendendo a manutenção das velhas estruturas patriarcais e conservadoras de poder e riqueza, historicamente nas mãos do setor agroexportador, e de outro, as forças democráticas de transformações econômicas e sociais, que propõe ao país a construção de um Brasil mais justo e fraterno, com mercado interno forte, produção e renda. Um Brasil que distribui riquezas para todos os brasileiros. Um Brasil que promova, principalmente através da educação, igualdade de oportunidades e um modelo de desenvolvimento sustentável, que respeita o ser humano e a natureza…
Um Brasil que ame a Deus no próximo.